segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A BOA

A Antarctica foi fundada em 1885 e inicialmente era um abatedouro de suínos, de propriedade de Joaquim Salles junto com outros sócios, localizada no bairro no bairro de Água Branca, na cidade de São Paulo.
A empresa possuía uma fábrica de gelo com capacidade ociosa e isso despertou o interesse do cervejeiro alemão Louis Bücher, que desde 1868 possuía uma pequena cervejaria.
Os dois empresários se associaram, e em 1888 criou-se a primeira fábrica de cerveja do país com tecnologia de baixa fermentação, com uma capacidade de produção de 6 mil litros diários. A Antarctica teve seu primeiro anúncio publicado no então jornal "A Província de São Paulo", atual estado de São Paulo, em março de 1889: "Cerveja Antarctica em garrafa e em barril - encontra-se à venda no depósito da fábrica à Rua Boa Vista, 50".
Sob a perspectiva do contexto histórico, o Brasil passou da fase colonial para a República, em 1889. Nesta época o Brasil efetivamente iniciava seu processo de industrialização. O decreto n. 164 de 17 de janeiro de 1890 regulamentou e deu novas liberdades à existência das Sociedades Anônimas.
Em 9 de fevereiro de 1891 foi oficialmente fundada a "Companhia Antarctica Paulista" como sociedade anônima, com 61 acionistas. O decreto n.217 de 15 de maio de 1891 firmado pelo presidente da República, Marechal Deodoro da Fonseca autorizou a Companhia Antarctica Paulista a funcionar com os estatutos apresentados dentro da legislação vigente na época.
Inicialmente a empresa não tinha um foco muito claro de negócios, atuando na fabricação de cerveja e refrigerantes, assim como na fabricação de banhas e presuntos, fábrica de gelo e manutenção de câmaras frias para estocagem de alimento.
Entre os acionistas estavam João Carlos Antonio Zerrenner, alemão e Adam Ditrik Von Bülow, dinamarquês, ambos naturalizados brasileiros e proprietários da empresa Zerrenner, Bülow e Cia., exportadora e corretora de café. Eles importaram equipamentos da Alemanha para modernizar a produção de cerveja e os financiaram para a Antarctica.
Em 1893 houve uma desvalorização da moeda e a Antarctica esteve por decretar a falência, quando Zerrenner e Bülow decidiram trocar seu crédito por um aumento de participação na empresa, tornando-se desta forma acionistas majoritários e assumindo o controle da Antarctica.
A sob a direção da Zerrener, Bülow & Cia. a empresa foi reorganizada e focou-se na fabricação de cerveja e refrigerantes. A partir de então recuperou-se e passou a crescer rapidamente,[2] sendo que em 1904 adquire o controle acionário da Cervejaria Bavária, na Moóca, que pertencia à Henrique Stupakoff & Cia. Neste local em 1920 passou a se situar a sede do Grupo Antarctica.
Os negócios da empresa expandiram rapidamente, sendo que em 15 de agosto de 1911 foi fundada a primeira filial, em Ribeirão Preto.
Em 1920 a Antarctica vendeu a baixo preço o terreno de 150 mil metros quadrados onde hoje está o Palmeiras, em troca de um contrato perpétuo de venda dos produtos da companhia. Ironicamente, hoje em dia só se vende produtos da Coca-Cola, dentro das dependencias do clube e no Parque Antarctica.
Em 1923 morre Adam Von Bülow deixando 5 filhos como herdeiros, dos quais dois vendem ações da companhia ao sócio Zerrenner, que se torna majoritário. O filho primogênito Carl Adolph Von Bülow passa a representar a família dos Von Bülow na direção da empresa.
A parir de 1930, Antarctica e Brahma passaram a eliminar quase todas concorrentes e dividiam a liderança da produção de cerveja no Brasil.
Zerrenner morre em 1933 sem deixar herdeiros e seu testamento pedia que seus bens fossem enviados à Alemanha. O testamento foi anulado e os bens passaram para a esposa Helene. Esta faleceu em 1936 sem deixar herdeiros no Brasil e os bens de passaram para a Fundação Antonio e Helena Zerrenner.[3]
O testamenteiro Walter Belian se torna administrador da Antarctica mantendo um gentlement agreement na administração da empresa junto com a família Bülow, que foi rompido em 1942 após a morte de Carl Adolph Von Bülow. Seguiu-se então uma longa disputa pelo controle da companhia, a filha de Adam Ditrik Von Bülow Andrea de Morgan Snell que tinha guardado suas ações nomeou seu marido Luis de Morgan Snell como presidente do grupo atè 1952. Walter Belian morreu em 1975.
Somente em 1944 a Fundação Brasileira conseguiu incorporar ao seu patrimônio os bens deixados pela viúva do casal Zerrener, que contavam 58,74% do capital social. A partir desta data, a empresa voltou-se à expansão da produção, importando maquinários da empresa americana Geo J. Meyer Mfg.
Em 1939 houve um fato curioso, quando Ademar de Barros, interventor federal do Estado Novo de Getúlio Vargas ocupou militarmente a Antarctica e prendeu seus diretores, por considerar que a empresa era "uma propriedade de alemães". Posteriormente, o próprio Getúlio interveio, desculpando-se junto à empresa pelo mal entendido.
Em 1961 a Antarctica adquiriu a cervejaria Bohemia, a mais antiga do Brasil. Em 1972, a Polar e a Cervejaria de Manaus.
Em 1979, a Antarctica começa a exportar cerveja para EUA, Europa e Ásia. Em 1994, adquire a Cervecera Nacional, na Venezuela. Em 2000 a Antarctica fundiu-se com a Brahma, formando a AmBev, que se torna a quinta maior cervejaria do mundo.
Em 30 de março de 2000 o CADE aprova a fusão da Antarctica e Brahma. Para que a fusão fosse aprovada, foi necessário vender a marca da cerveja Bavária, além das fábricas de Ribeirão Preto/SP, Getúlio Vargas/RS, Camaçari/BA, Cuiabá/MT e Manaus/AM que foram vendidas para a cervejaria canadense Molson.

Antarctica

A história da Antarctica desenvolveu-se a par da da Brahma. Após os primeiros anos de alguma indefinição e de contínuas mudanças, a firma estabilizou, tornando-se numa das maiores empresas brasileiras do sector das bebidas. A última grande convulsão terá acontecido em 1940, ano em que os proprietários da Companhia Antárctica Paulista, Antonio e Helena Zerrener, alemães de nascença, faleceram e não deixaram herdeiros. A companhia passou então por diversas mãos, até ser comprada por vários investidores e se tornar na Companhia Antarctica Paulista – Indústria Brasileira de Bebidas e Conexos, com fábricas em Bom Retiro (Cerveja Progresso e cerveja preta) e na Mooca (cervejas claras e conexos). Esta reformulação da empresa permitiu-lhe crescer e ficar mais forte, lançando-se então numa sucessão de aquisições, sendo talvez a de maior destaque a da Cervejaria Adriática, instalada em Ponta Grossa - PR. Esta companhia, pertencente aos Thielen, família de origem alemã, tinha ganho algum destaque na indústria cervejeira, principalmente através da cerveja Original, produzida, quase como a conhecemos ainda hoje, desde 1930. O desenvolvimento da Antarctica passou também pela constituição de uma maltaria própria, neste caso em Jaguaré, São Paulo, e por mais uma aquisição, nomeadamente o antigo prédio da Fábrica de Cerveja e Gelo Colúmbia, em Campinas - SP, que passou a servir de depósito à fábrica adjacente. Infelizmente, esse prédio encontra-se vazio e abandonado desde 1989.
accionário da cervejaria Bohemia, marca essa que ainda hoje faz parte do portefolio da AmBev. Com as constantes aquisições, a Antarctica tinha-se tornado num gigante industrial, sempre atento a novas oportunidades de mercado e a tendências de consumo. Pelo caminho, outras empresas iam ficando sob a sua alçada, casos da Polar, próspera empresa do estado do Rio Grande do Sul, ou da Cerman, da Cervejaria Catarinense (que se instalou em Joinville, em 1938) e, talvez a mais importante de todas, a Companhia Cervejaria Paulista. Esta firma, de grandes tradições e instalada em Ribeirão Preto desde 1911, iniciou uma tradição nesta cidade, local onde abririam inúmeras choperias, entra as quais a muito famosa Pinguim, ao lado do Theatro Pedro II. De facto, não é por acaso que Ribeirão Preto é denominada a Capital do Chope!
O ano de 1973 foi caracterizado por um conjunto de medidas postas em prática pela Directoria da Empresa, tendo em  vista a descentralização das actividades industriais e comerciais do complexo empresarial Antarctica. Nesse ano foram constituídas empresas com personalidade jurídica própria, em vários Estados brasileiros, a saber: a) Companhia Sulina de Bebidas Antarctica, com sede em  Joinville, Estado de  Santa Catarina, que passou a operar a partir de Abril de 1973, com a incorporação das unidades de Ponta Grossa e Curitiba; b) Cervejaria Antarctica Niger S/A, de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo, resultante da fusão, no mesmo ano, da Cervejaria Antarctica de Ribeirão Preto S/A, com a Cervejaria Níger S/A; c) Indústria de Bebidas Antarctica do Rio de Janeiro S/A, resultante da Fusão da Cervejaria Antarctica da Guanabara Ltda, com a Companhia Cervejaria Bohemia, de Petrópolis. A entrada na década de 70 é, pois, feita em grande, com mais uma mão cheia de aquisições e inaugurações. Assim, a Antarctica adquire ainda a Cervejaria Pérola de Caxias do Sul - RS e a Companhia Itacolomy de Pirapora - MG. Por curiosidade, refira-se que a produção da cervejaria em Pirapora foi estrategicamente transferida e centralizada, em 1998/99, na cidade de Jacarepaguá - RJ. No ano de 73 são também constituídas novas filiais em Goiânia - GO, Montenegro - RS, Rio de Janeiro - RJ e Viana - ES e nos anos seguintes são inauguradas as filiais no Rio Grande do Sul e Teresina. O desenvolvimento exponencial da firma foi também acompanhado por um crescente interesse no campo científico e tecnológico. Para isso, a Antarctica decidiu ampliar a sua maltaria, situada em São Paulo, adquirindo, ao mesmo tempo, uma área de 14,32 hectares em Paulo de Frontin - PR, destinada à pesquisa e experimentação agrícolas com a cevada cervejeira.
Assegurada que estava a sua estabilidade e representatividade em território brasileiro.